domingo, 2 de novembro de 2008

Sandman


Sempre gostei de ler, tanto livros como quadrinhos, e quando eu tinha uns 14 anos “conheci” um dos autores que me faria gastar muito, muito dinheiro: Neil Gaiman

Foi assim: num domingo eu tinha ido na banca de jornal comprar o jornal para minha mãe e resolvi dar “uma passada de olhos” na sessão de quadrinhos. Então vi uma revista diferente, o formato era maior, o tipo de papel especial e os traços eram diferentes do tipo que eu estava acostumada a ver em quadrinhos. Infelizmente a revista tinha um preço salgado para uma menina de 14 anos e não pude comprá-la na hora, mas fiquei a semana toda indo e voltando a pé para o colégio e sem comer nem beber nada no recreio para poder juntar o dinheiro necessário para comprar aquela revista. Foi uma sensação de triunfo que senti na sexta-feira quando cheguei na banca e comprei o primeiro número de Sandman. Pronto! Eu havia sido fisgada…

O primeiro número conta a história de como Lorde Morpheus, o senhor dos sonhos, é capturado acidentalmente por ocultistas que planejavam capturar sua irmã mais velha, a Morte. Decepcionados os ocultistas roubam as ferramentas do senhor dos sonhos (a algibeira, o elmo e o rubi) e o deixam aprisionado em um porão. Quando Morpheus é capturado o mundo todo sente, as pessoas param de sonhar e algumas caem vítimas da “doença do sono”. O resto não dá para contar sem estragar as surpresas.

Pela primeira (e única vez) em toda minha vida eu fiquei feliz de estar distante o período de férias e assim pude completar o primeiro arco do Sandman comprando na banca com o dinheiro das passagens de ônibus e dos lanches. Bom, depois de Sandman eu virei fã incondicional do Neil Gaiman (roteirista da série). O problema é que naquela época não havia mais nada dele publicado em terras tupiniquins e como também ainda não havia internet por essas bandas era virtualmente impossível conseguir outras obras dele.

Hoje em dia há várias obras do Neil Gaiman publicadas por aqui (embora não tantas como eu gostaria) e ele esteve na última edição da FLIP (que infelizmente eu não pude ir, mas no fundo talvez tenha sido bom porque eu poderia me transformar numa versão da Annie Wilkes [personagem do Stephen King rs). Durante a FLIP o Neil Gaiman estranhou o tamanho da edição brasileira do Coisas Frágeis (livro de contos dele que foi lançado por aqui mais ou menos na época da FLIP). Para encurtar a história a maldita Conrad (editora que detém os direitos de publicação do Neil Gaiman) mutilou o livro em alguns contos. A explicação oficial da Conrad é que o livro ficaria “muito grande” e que se o primeiro tomo fizer sucesso eles lançarão o segundo tomo com os contos que foram retirados. Não sou muito afeita a dizer palavrões, mas fiquei com muita vontade de falar vários quando soube disso. Enfim, é só mais uma maneira de arrancarem cada centavo suado dos fãs do Neil Gaiman.

Para quem não conhece nada dele (se isso é possível) eu recomendo o ótimo Neve, Vidro e Maças que é um conto do livro Fumaça e Espelhos.

Neve, Vidro e Maçãs - Neil Gaiman

0 comentários: