sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ex-Libris - Confissões de uma Leitora Comum


Ex-Libris - Anne Fadiman

"(...) O ex-libris pode ser definido como sendo um verdadeiro título de propriedade que identifica os livros de uma pessoa ou biblioteca expressando a personalidade daquele que o possui. (...)A expressão latina ex libris significa "dos livros", "dentre os livros", "fazendo parte dos livros" (de uma biblioteca).(...)"

Ganhei esse livro ontem do Paulo como presente adiantado do nosso primeiro aniversário de casamento. Na realidade ele havia comprado dois livros, mas o primeiro ele não verificou se eu tinha porque achou que como era lançamento eu não teria (tolinho!). Agora terá trabalho para trocar e me entregar até domingo. ;-)

Como só o ganhei ontem a noite e até então não tinha ouvido falar desse livro eu ainda não o li todo, só alguns trechos e é bem interessante. Basicamente o livro é composto de ensaios da autora sobre suas experiências com livros ao longo da vida.

O primeiro ensaio chama-se Casando Bibliotecas e fala de quando ela e o marido finalmente resolveram unir seus livros em uma só biblioteca. Como eu e o Paulo também passamos por isso dei algumas risadas de identificação com os problemas de como arrumar os livros juntos, o que fazer com cópias repetidas, quais livros eram "mais importantes", etc. Só para lembrar, o Paulo considera as prateleiras junto ao chão como "as prateleiras da vergonha" e acha inadmissível sujeitar um bom livro a permanecer nessas prateleiras. rs Eu não sinto o mesmo, mas não posso permitir que ele coloque livros que eu gosto em um lugar que ele considera vergonhoso...

Ainda sobre esse ensaio e sobre a arrumação de livros, esse trecho em especial chamou minha atenção: "...Concordamos em organizá-los por tópicos - História, Psicologia, Natureza, Viagens e assim por diante A literatura seria subdividida por nacionalidade. ( Se George considerou esse plano muito detalhista, admitiu ao menos ser bem melhor que o sistema sobre o qual alguns amigos haviam nos falado. Certos amigos deles tinham alugado a casa por uns meses para um decorador de interiores. Ao voltarem, descobriram que a biblioteca inteira havia sido reorganizada por cor e tamanho. Logo depois, o decorador sofreu um acidente fatal de automóvel. Confesso que quando essa história foi contada, todos em volta da mesa de jantar concordaram que a justiça tinha sido feita.)..."

Eu já passei por isso, é sério. Ainda solteira fui viajar num fim-de-semana e ao voltar descobri que a nova faxineira da minha mãe tinha limpado os meus livros e os arrumado novamente por ordem de cor e tamanho. Quando li o relato de Anne Fadiman (autora do Ex-libris) senti que há justiça no mundo. ha ha ha

Outro ensaio que li e que me deixou profundamente chocada é Nunca Faça Isso a Um Livro. Pelo relato concluí que ela e a família apreciam muito torturar pobres e indefesos livros. Pessoas de coração fraco não devem ler o trecho a seguir por ser muito forte: "(...) O que Belloc teria pensado de meu pai, que a fim de reduzir o pesa das brochuras que lia nos aviões, rasgava os capítulos terminados e jogava-os no lixo? O que teria pensado de meu marido, que lê na sauna, onde as páginas fendidas pelo calor caem como pétalas numa tempestade? (...) Confesso que marco o lugar onde parei de maneira promíscua, ora dobrando o livro, ora cometendo o pecado ainda mais grave de virar o canto da página.(...)"

Conseguem imaginar isso? Só de pensar eu sinto calafrios e penso nos meus livros devidamente encapados e sem anotações. Só de imaginar alguém maltratando meus livrinhos eu sinto uma dor física e tenho certeza absoluta que essa pessoa ganharia meu ódio eterno. Felizmente o Paulo é ainda mais neurótico que eu com o cuidado aos livros.

Por hoje é só.

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