segunda-feira, 18 de maio de 2009

Hábitos de Leitor





Para quem não sabe, eu costumo freqüentar um fórum para discutir literatura, o Meia Palavra. O Leonardo Pastor do blog Vísceras Literárias abriu um tópico lá no Meia sobre "Hábitos de Leitor". Esse post é uma cópia do minha resposta nesse tópico.

- Sempre encapo meus livros com contact transparente antes de ler.
- Se pego um livro emprestado pergunto ao dono se posso colocar contact.
- Quando o livro tem sobrecapa ela fica na prateleira enquanto ele está sendo lido.
- Prefiro páginas creme do que as brancas pois cansam menos a visão.
- Tomo um cuidado absurdo para não estragá-los.
- Quem não devolve um livro que emprestei ganhei meu ódio eterno.
- Quem estraga um livro que emprestei, também ganha meu ódio eterno.
- Não costumo dar meus livros, mesmo aqueles que não gosto e que tenho repetido. Sou uma colecionadora.
- Gosto de terminar coleções, mesmo que não tenha gostado do primeiro volume (por exemplo comprei os três livros do Eragon e não gostei do primeiro).
- Sou uma CCL (Compradora Compulsiva de Livros).
- Não resito a um livro em oferta e a um cupom de desconto.
- Eu cheiro livros.
- Quando gosto muito de um livro falo horas dele tentando convencer meus amigos a ler.
- Sempre assino o livro e coloco a cidade e a data em que foi comprado.
- Carimbo o meu nome e CRM embaixo da minha assinatura.
- Se estou gostando do livro o mundo pode acabar do meu lado que eu nem reparo.
- Quando um livro me prende sinto uma dor física se preciso parar de ler, então não paro nem para comer. Aí termino muito rápido e preciso reler.
- Prefiro ler deitada.
- Arrumo meus livros de acordo com várias lógicas próprias (livros de "menininha", livros de fantasia, livros sobre os reis europeus, romances históricos, e as categorias se sobrepõe. Para quem não conhece minhas estantes parecem uma enorme bagunça.
- Tenho ataques de riso e choro enquanto leio de acordo com a história e isso pode acontecer em qualquer lugar. Por exemplo, estava lendo o 6º volume do Harry Potter no metrô e comecei a chorar no final do livro.
- Gosto de livros de capa dura, mas isso não é essencial para eu comprar um livro.
- Leio de um a três livros por vez (sem contar os do trabalho).
- Uso marcadores. As orelhas dos livros foram feitas para enfeitar.
- Adoro comprar livros pela internet (saem bem mais baratos)
- Já comprei tanto em uma livraria virtual mandando entregar na loja física que fiz amizade com os atendentes da loja física
- Quando "descubro" um autor não sossego enquanto não compro todos os livros dele.
- Adoro livros "de menininha".
- De vez em quando sento ao lado de uma das minhas estantes e fico tocando meus livros com as mãos para escolher qual irei ler pelo tato.
- Tenho uma lista enorme de livros para ler que é atualizada cada vez que compro um novo com livros passando a frente.
- Adoro passear por livrarias, mesmo que não vá comprar nada. Aproveito e pego um livro e se o sofá estiver ocupado sento no chão e fico lendo.
- Adoro descobrir um livro na livraria do shopping mais caro do que acabei de comprar pela internet
- Não resisto a "toda a seção de livros em promoção".
- Adoro sebos.
- Dou livros de presente para meus sobrinhos, assim eles adquirem o gosto pela leitura desde cedo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Orgulho e Preconceito


Pride and Prejudice - Jane Austen

Como eu já falei para vocês sobre como "descobri" meu livro preferido, chegou a hora de falar um pouquinho sobre o livro em si.

O livro inicia de forma simples: um rapaz (Bingley) de boa fortuna aluga uma casa em uma pequena comunidade (Hertfordshire) no interior da Inglaterra. A partir de então começa a se relacionar com os moradores do local.


Para ilustrar como será a base do relacionamento de Bingley com os habitantes do Hertfordshire, Jane Austen inicia o livro com uma frase repleta de ironia sutil: "It is a truth universally acknowledged, that a single man in possession of a good fortune, must be in want of a wife." (É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de boa fortuna, deve estar necessitado de esposa.)

A partir daí ela apresenta aos Bennets, uma família local composta pelos pais (Mr and Mrs Bennet) e suas cinco filhas (Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia). Através de um diálogo de Mrs Bennet com o marido onde esta mostra toda a sua superficialidade e ele toda sua ironia.

Bingley trouxe para sua nova casa suas duas irmãs (Caroline Bingley e Louise Hurst), seu cunhado (Mr Hurst, quase uma samambaia de tão decorativo) e seu melhor amigo Mr Fitzwilliam Darcy (Mr Darcy para os íntimos).

Um baile local é a oportunidade de apresentar Charles Bingley e seus companheiros aos moradores (e aos leitores, é claro). Bingley é um rapaz de boa índole que se encanta com Jane (a mais velha das Bennets), e os dois iniciam uma espécie de relacionamento (não dá para contar com Jane Austen quando o assunto são beijos, abraços e amassos, pois tudo fica no platônico).

Mr Darcy, que aparentemente não possui a boa índole do amigo, se mostra enfadado durante o baile e angaria a antipatia de Elizabeth Bennet ao se referir a ela nos seguintes termos: "She is tolerable; but not handsome enough to tempt me; and I am not humour at present to give consequence to young ladies who are slighted by other men." (É tolerável, mas não tem beleza suficiente para tentar-me. Não estou disposto agora a dar atenção a moças que são desprezadas pelos outros homens).

Elizabeth é a protagonista do livro, aos poucos a autora mostra o seu caráter e sua beleza (aparentemente no dia do baile ela deve ter tido o equivalente a ter hoje me dia um "mau dia capilar"). Ao longo do livro, por razões diversas, a antipatia de Elizabeth por Darcy vai crescendo da mesma maneira que a admiração de Darcy pela antes desprezada Elizabeth.

Agora eu aconselho que quem AINDA não leu Orgulho e Preconceito que pare por aqui e vá ler o livro antes de terminar de ler esse post. A partir daqui o post estará recheado de spoilers.




Atenção: SPOILERS

Há então toda uma explicação sobre uma suposta diferença de classes entre eles, mas nada intransponível, e de como Darcy luta dia a dia contra seus sentimentos: "...and Darcy, after a few moments recollection, was not sorry for it. He began to feel the danger of paying Elizabeth too much attention." (...Darcy, depois de refletir um instante, conformou-se com isto. Começava a sentir o perigo que havia em prestar muita atenção a Elizabeth...); "...Mr Darcy corroborated it with a bow, and was beginning to determine not to fix his eyes on Elizabeth, ..." (...Mr Darcy confirmou com uma reverência e estava a ponto de tomar a resolução de não olhar para Elizabeth...)

Um dia, incapaz de se conter, Darcy finalmente diz o seguinte para Elizabeth: "In vain have I struggled. It will not do. My feelings will not be repressed. You must allow me to tell you how ardently I admire and love you." (Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos, e preciso que me permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente.). Para o leitor, que já conhece o caráter e as preferências de Elizabeth, não é nehuma surpresa a recusa que esta apresenta à mão e ao coração de Darcy, mas é com enorme surpresa que ele recebe essa recusa e descobre que é preciso mais que ter uma boa fortuna para agradar uma mulher digna de ser amada.

No fim de tudo, Darcy consegue conquistar o amor de Elizabeth e o livro tem um duplo Happy End com Darcy e Elizabeth morando próximos a Bingley e Jane (que também se casam).

Eu não nego que adoro toda parte romântica desse livro (e que desde que li pela primeira vez a declaração de amor que Darcy fez a Elizabeth comecei a torcer por ele) , mas não é só essa história de amor com uma reviravolta que faz o livro ser uma obra prima.

O que faz esse livro ser uma obra prima é todo cuidado que Jane Austen teve ao construir a trama (muito bem amarrada) e os personagens. Eles são profundos, entendemos seus medos, seus anseios e suas motivações. Alguns (Mr Collins, Mrs Bennet, Lydia Bennet) são tão ridículos com suas pretenções e poses que em determinados momentos me dava vontade de parar de ler tal era a magnitude da vergonha alheia que eu sentia.

Acho que uma das minhas partes preferidas é quando Darcy e Elizabeth se reencontram em Pemberley (alguns meses depois dela ter recusado o pedido dele) e ele se mostra, como o gentleman que é, disposto a conquistar o amor dela. Ai ai.

O livro, é claro, gerou algumas adaptações para o cinema e para a TV. Para quem ainda não assistiu nenhuma eu recomendo a série da BBC com Colin Firth no papel de Mr Darcy e Jennifer Ehle como Elizabeth Bennet.





Como este é meu livro preferido, possuo atualmente três edições dele: uma em português (cuja foto ilustra o início desse post) e duas em inglês.

Uma das edições que possuo em inglês é essa aí embaixo, que está no livro com as obras completas da Jane Austen. Uma edição linda, com papel bíblia e encadernação hard cover.




A outra edição é uma em formato "pocket" com hard cover, sobrecapa em papel cuchê e páginas com bordas douradas. Simplesmente linda! Ganhei semana passada de presente da Fê.

Vocês podem conferir a foto aí embaixo.


Quem souber de outra edição caprichada assim desse livro, pode me falar, porque esse é o tipo de livro que vale a pena ter várias edições diferentes.

Para quem me acha louca por causa disso eu deixo as palavras de uma velha reportagem da revista Diálogo Médico que eu recortei e guardei e que infelizmente não sei quem escreveu: "Assim como, quando amamos alguém - pai ou filho, amigo ou namorada- gostamos não apenas do interior da pessoa, mas também de sua fisionomia, suas mãos, seu modo de caminhar, os grandes amantes da literatura prezam não só o conteúdo imaterial e abstrato que um volume impresso veicula. Quem gosta de ler tem um carinho especial pelo livro em si, pelo objeto feito de tinta, papel e barbante fino, sem o qual não existiria a comunicação entre escritor e leitor, através do espaço e do tempo."



PS: As traduções que eu postei do livro foram retiradas da edição brasileira, do Círculo do Livro, e são de Lúcio Cardoso.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

As Memórias do Livro


People Of The Book - Geraldine Brooks

Fiquei bastante tempo sem postar porque, tal como o burro da história infantil que morre de fome em frente a dois fardos de feno porque não conseguiu decidir-se sobre qual deveria comer primeiro, eu estava na dúvida sobre qual seria o primeiro livro a ser lido no ano.

Assim, numa explosão de energia (sempre fico curiosa a respeito dessa expressão quando leio em um livro e resolvi usar agora), finalmente decidi pelo Memórias do Livro.

O livro é uma obra de ficção inspirada na verdadeira história da Hagadá de Sarajevo. Para quem não sabe, Hagadá é um livro de orações judaico.

No livro, Hanna Heath, uma conservadora de livros australiana, é chamada para restaurar e analisar a Hagadá que foi encontrada após anos de guerra civil na Bósnia. Durante o trabalho de conservação da Hagadá, Hanna acha evidências como um pedaço de asa de borboleta, um pouco de sal, uma mancha de vinho que lhe dão pistas da trajetória do livro ao longo dos séculos. É como se a cada fragmento identificado o livro relembrasse os caminhos que percorreu, dos mais recentes até sua confecção.

Além disso, ele também fala muito de tolerância (ou da falta dele) e como muito é perdido devido ao preconceito e ao medo do diferente. Pareceu bem apropriado para esses tempos de guerra que estamos presenciando, via satélite, na Faixa de Gaza. Muito bom!

O engraçado é que "namorei" esse livro por muito tempo e nunca me decidia por comprá-lo. Um dia a Thaís me ligou e disse que tinha comprado esse livro e que era muito bom. Realmente dá para confiar nas indicações que ela faz.

Fico por aqui. Beijos

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O Jogo do Exterminador



Ender's Game - Orson Scott Card

Então, eu não sou muito fã de literatura Sci-Fi, não gostei do que li do Arthur C. Clark e nem do cultuadíssimo Neuromancer de William Gibson. Foi, portanto, que com um pé atrás comecei a ler O Jogo do Exterminador, e só o fiz porque foi muito bem recomendado por um grande amigo.

A história parte de um premissa bem simples, e meio batida: a terra está ameaçada de invasão por uma raça alienígena. Na verdade o planeta está ameaçado de uma terceira invasão. Houve duas tentativas consecutivas que foram rechaçadas (com um pouco de sorte) graças ao gênio estratégico de um general e o mundo aguarda com temor a terceira invasão.

Esse temor não é um temor inerte. Os militares acham que como a melhor defesa é o ataque, o melhor é enviar naves para atacar o planeta dos insecta antes que eles voltem para uma terceira invasão. O único problema é a distância entre esses planetas. Assim, a solução é começar a treinar os pilotos que irão fazer esse ataque ainda muito cedo. Dessa forma estarão formados antes dos dezoito e poderão chegar ao distante planeta dos insecta antes que eles cheguem à Terra.

Nesse cenário conhecemos Andrew Wiggin que, sem saber, é escolhido para ser o líder que conduzirá o ataque ao planeta alienígena. Ele é mandado à Escola de Combate, para iniciar o treinamento, com apenas seis anos de idade. À partir daí podemos ver todo processo de brutalização imposto ao menino. Os professores fazem o possível e o impossível para isolá-lo dos outros estudantes e para tornar Andrew duro e auto-suficiente. Se eu contar mais que isso estrago as surpresas do livro.

O que me chamou mais atenção no livro, e que talvez tenha me feito gostar tanto, é que nele o cenário sci-fi é apenas isso: um cenário. Ele serve apenas como pano de fundo para todo drama humano que se desenrola diante dos nossos olhos.

Vale lembrar que O Jogo do Exterminador ganhou os dois principais prêmios da literatura sci-fi: Hugo e Nebula. E que, além disso, Orson Scott Card conseguiu um feito inédito ao ganhar novamente esses prêmios pelo livro O Orador dos Mortos que é a primeira continuação do Jogo.

Por hoje é só.

Beijos


quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Feliz Natal!


Esse é o saldo final do ano (pelo menos no que compete a livros) entre mim e o Paulo. Ficaram faltando nessa foto os livros que trocamos antes do Natal, mas vou falar um pouco de cada um.

Ganhei de presente dele:

Budapeste (Chico Buarque) - Esse foi o que ganhei como presente adiantado de Natal. O livro conta a história de um ghost writer que de passagem por Budapeste cai de amores pelo idioma húngaro (“única língua do mundo que, segundo as más línguas o diabo respeita”). Dessa súbita paixão nasce a vontade de aprender húngaro e essa vontade acaba por tirá-lo de uma vida de inércia.

Morto Até O Anoitecer (Charlaine Harris) - Um livro sobre vampiros de que nunca tinha escutado falar. Fui dar uma olhadinha na Amazon e parece ser o primeiro de uma série enorme de vampiros. Aqui no Brasil só publicaram esse. Pelo visto terei mais livros em inglês para ler.

The Graveyard Book (Neil Gaiman) - Bastaria dizer que é do Neil Gaiman para eu gostar, mas sei um pouco a mais sobre o livro. É a história de um menino criado no cemitério. Nas palavras do próprio Neil Gaiman: "I owe an enormous debt, conscius anda unconscius, to Rudyard Kipling and the two volumes of his remarkable work The Jungle Book... If you are only familiar with the Disney cartoon, you should read the stories."

The Brontë Sisters (Charlotte Brontë, Emily Brontë e Anne Brontë) - Esse é para deixar a Fê com o olho comprido. :-p Uma coletânea dos livros das irmãs Brontë. aparentemente não é a obra completa delas. O que tem de cada uman o livro:
  • Charlotte Brontë - Jane Eyre, Villette e The Professor
  • Emily Brontë - Wuthering Heights
  • Anne Brontë - Agnes Grey e The Tenant Of Wildfell Hall

Dei de presente para ele:

O Capital Livro 2 Volume 3 (Karl Marx) - Sem dúvida alguma um livro chato. rs

The Graveyard Book (Neil Gaiman) - É isso que dá os dois serem fãs do Neil Gaiman.

Ensaio Sobre A Cegueira (José Saramago) - Logo depois de vermos o filme do Fernando Meireles (onde fiquei com vontade de dar uns sopapos na protagonista imbecil do filme) dei de presente para o Paulo o Ensaio Sobre a Lucidez (uma espécie de continuação desse livro) porque ele falou que tinha mais curiosidade sobre o segundo livro. Como não acreditei resolvi reservar esse como presente de Natal.

As Intermitências da Morte (José Saramago) - "Magoada porque os seres humanos tanto a detestam, a morte resolve mostrar como, no fundo, eles são uns ingratos." O Paulo gostou tando do Ensaio sobre a Lucidez que manifestou interesse por outros livros do Saramago. Um dia, numa livraria, leu para mim essa parte da orelha do livro e inadvertidamente o selecionou como presente de Natal.

A Viagem do Elefante (José Saramago) - É, os livros do Saramago estavam em promoção e eu decidi não arriscar. Comprei o último lançamento.


Feliz Natal para todos!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Budapeste


Budapeste - Chico Buarque

Li Budapeste meio que por acidente. Não me levem a mal, eu tenho verdadeira adoração pelo Chico Buarque. As músicas dele tocam a minha alma (tá bom, tá bom, eu sei que é clichê, mas não é menos verdade por conta disso) e por conta disso desenvolvi uma certa resistência até em pegar nos livros dele. Por que? Ora, porque minhas expectativas sempre foram altíssimas. Acho que se sofresse uma decepção, esta poderia encobrir o brilho que sempre enxerguei no talento dele e isso acabaria por deixar um vazio em minha vida.

O "acidente" que me levou a, finalmente, ler Budapeste iniciou nos primeiros minutos de 2004. Foi quando beijei pela primeira vez o Paulo nas areias da praia de Copacabana enquanto assistíamos à queima de fogos do Reveillon do Rio. Assim começamos a namorar e um ano depois ele veio morar comigo até que enfim nos casamos no dia 16/11/2007.

Durante todos esses anos de relacionamento o Paulo sempre resmungou (é, ele resmunga bastante) sobre uma pretensa resistência minha a ler novos autores. Eu digo “pretensa” porque essa resistência só existe na cabeça dele. O que realmente acontece é que quando “descubro” um escritor novo gosto de esgotar totalmente seus livros antes de partir para o próximo escritor. Daí o Paulo tirou essa lenda sobre a minha “resistência” a novos autores.

E por que o Paulo resmunga? Acho que principalmente porque ele gosta, mas também porque essa “resistência” quando aliada a minha compulsão por comprar novos livros torna para ele uma Missão *Quase* Impossível me dar livros de presente. Sim! Eu já cansei de dizer para ele que eu também aceito ganhar jóias de presente. :wink:

Voltando ao livro, esse ano o Paulo chegou à conclusão que era hora de queimar um “trunfo” (algum livro ou autor que ele acha que podem me interessar, mas que ainda não deu porque só quer comprar quando estiver sem alternativas) e o escolhido foi Budapeste. Acontece que ele comprou Budapeste com quase um mês de antecedência do Natal e então foi crescendo uma expectativa nele para entregar logo o presente. Essa expectativa foi crescendo, crescendo, crescendo até que finalmente explodiu na última quarta-feira, quando ele me acordou de um cochilo gostoso no sofá me entregando o livro embrulhado e dizendo que sabia que eu estava sofrendo de tanta curiosidade para saber qual era meu presente (???). Pois é!

Como semana passada eu estava dando os arremates finais do PCMSO da empresa só pude ler umas poucas páginas, mas decidi que de hoje não passaria e assim, para não magoar meu marido me arrisquei a perder o Chico Buarque.

O livro conta a história de um ghost writer que de passagem por Budapeste cai de amores pelo idioma húngaro (“única língua do mundo que, segundo as más línguas o diabo respeita”). Dessa súbita paixão nasce a vontade de aprender húngaro e essa vontade acaba por tirá-lo de uma vida de inércia.

O livro é muito bom e ao escrever Chico Buarque impõe ao romance uma certa musicalidade que é nas palavras de um dos personagens “absolutamente irresistível”.

Beijos

domingo, 14 de dezembro de 2008

A Tenda Vermelha


The Red Tent - Anita Diamant

Em uma das minhas viagens para São Paulo, a Thaís me mostrou esse livro em um dos milhares de sebos que fomos e disse que era muito bom. Como o preço do sebo era salgado (apenas uns R$4,00 mais barato que na livraria) resolvi esperar para comprar. É claro que não parei de pensar no livro e só não voltei no sebo para comprar e acabar logo com a agonia porque não deu tempo. Chegando em casa encomendei o livro pela internet e assim que chegou comecei a ler. O Paulo fez um trocadilho infâme sobre o nome do livro perguntando se era sobre uma telefonista comunista (atenda vermelha!). Sem comentários.

Quem está familiarizado com a Bíblia deve conhecer a história de Jacó que trabalhou durante sete anos para Labão em troca da mão de Raquel e no dia do casamento foi enganado e recebeu a mão da irmã mais velha de Raquel, Lia. Então trabalhou por mais sete anos e finalmente recebeu a mão de Raquel.

Jacó teve no total doze filhos (cada um formou uma das doze tribos de Israel): Rubem, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zabulon com Lia; Dã e Neftali com Bala (concubina); Gad e Aser com ;Zelfa (concubina) e José e Benjamin com Raquel. Ele teve também uma filha com Lia que recebeu o nome de Dinah. É sobre a vida dela que o livro trata.

Dinah só é citada duas vezes no livro do Gênesis, uma por ocasião do nascimento e outra na sua adolescência. Partindo disso a autora conta a história de Dinah, Lia, Raquel, Bala e Zelfa sob o ponto de vista de Dinah.

Eu sei que, a princípio, parece uma coisa meio Marion Zimmer Bradley (a história dos bastidores, sob o ponto de vista da mulher), mas não é. Pelo menos não do ponto de vista pejorativo. Por que é diferente? Acho que principalmente pela postura da autora que não tenta criar uma barreira entre as partes. Não é como por exemplo em As Brumas de Avalon onde Morgana é tão mais inteligente, culta, perceptiva e educada que todos os homens e além disso faz tudo que as mulheres fazem muito melhor que elas ("Nossa Morgana, como seu fio é bom!"). Dinah é uma mulher normal contando história de sua família e a sua própria. Essa história pode ser um pouco extraordinária para quem lê, mas ela não trata dessa maneira e o resultado fica muito bom.

Enfim, livro muito bem recomendado.

Beijos para todos